
Luiz Vieira
mundana companhia estreia GUERRA EM IPEROIG no Teatro Oi Futuro Flamengo
Com Aury Porto, Érika Puga, Zahy Guajajara e Silvero Pereira Participações de Mariana Ximenes, Anderson Kary Báya, Gui Calzavara,
Igor Pedroso, Lian Gaia e Raquel Kubeo

Foto: Renato Magolin.
A partir de pesquisa realizada sobre o acontecimento histórico que entrou oficialmente para os livros como “Paz de Iperoig”, a mundana companhia decidiu, no momento em que completa treze anos de existência, montar um espetáculo com referências essencialmente brasileiras. A estreia nacional é no dia 14/12 no Rio, no Teatro Oi Futuro Flamengo.
“Guerra em Iperoig” nasce de um convite de Bruno Siniscalchi para a mundana companhia, a partir de uma ideia inicial de André Santana de pesquisar a Confederação dos Tamoios. “O tema fez todo o sentido para a companhia, uma vez que estamos num país nascido da guerra, e que se faz e refaz a cada dia pela guerra, mas uma guerra de extermínio do diferente, oposto ao sentido que tem a guerra para os povos Tupinambá”, diz o ator e um dos criadores da mundana companhia, Aury Porto.
A peça que será exibida ao vivo diretamente do teatro com roteiro adaptado para a linguagem digital com cenas pré-gravadas e ao vivo, dando continuidade à linguagem da mundana e ao mesmo tempo respeitando o distanciamento imposto pela pandemia da Covid-19.
“Guerra em Iperoig” abarca um episódio relevante na historiografia nacional pouco conhecido pelo grande público e, segundo Aury Porto, “a montagem propõe uma reflexão, à luz do nosso passado histórico, sobre nossa sociedade, em toda a sua complexidade. Um fato que atravessa toda a história do Brasil.
Em 1500, os portugueses chegaram no Brasil. Em 1534, o Rei de Portugal autorizou, aos donatários das capitanias hereditárias, a escravização indiscriminada dos índios brasileiros. Em 1554, cinco chefes tupinambás se reuniram e fundaram a Confederação
dos Tamoios, com o objetivo de enfrentar os portugueses e resgatar índios escravizados.Em 1563, percebendo que a Confederação dos Tamoios venceria essa guerra, Portugal enviou os padres Nóbrega e Anchieta para firmar a “Paz de Iperoig”, no local onde é hoje a cidade de Ubatuba, em São Paulo. Em 1567 os portugueses travam a “guerra justa” contra o povo de Cunhambebe, Aimberê, Pindobuçu, Araraí e Coaquira.
A traição dos portugueses, no episódio da “Paz de Iperoig”, que levou à quase total dizimação dos Tupinambá, foi a primeira de uma série ininterrupta de traições aos brasileiros do litoral e ao litoral brasileiro em si.
As histórias de traição se repetem de tempos em tempos nessa faixa litorânea, entre Cabo Frio (RJ) e São Vicente (SP), território da ex-grande Nação Tupinambá.
A peça faz esta trajetória entre os Tupinambás e os colonizadores, do mito ao Anchieta – o grande diplomata que intermediou a relação entre eles – , passando pela guerra travada posteriormente após terem se aliado para expulsar os franceses do litoral do Rio de Janeiro. A leitura da mundana companhia é a história das guerras de colonização, da guerra entre os naturais da terra de todas as Américas e os povos colonizadores, que passa pelo apagamento e esquecimento e nesse enredo termina com uma revolta estética e ideológica dos indígenas.
sinopse:
“Guerra em Iperoig” parte de uma pesquisa sobre a Confederação dos Tamoios e faz uma reflexão sobre como a guerra travada entre portugueses e tupinambás em meados do século XVI na região de Iperoig, hoje Ubatuba (SP), se reflete nas relações de exploração dos povos indígenas até hoje. São olhares sobre um fato histórico que inspira uma interpretação do Brasil através dos séculos.
No roteiro, cenas da mitologia tupinambá interagem com textos construídos a partir das visões dos colonizadores e dos colonizados.
A encenação parte das limitações impostas pela pandemia da Covid-19, restringindo o número de atores por cena e preservando o distanciamento.
FICHA TÉCNICA
texto_André Sant’anna
roteiro_ Aury Porto, Cristian Duarte, Joana Porto, Roberta Schioppa, Rogério Pinto e Zahy Guajajara
direção coletiva_mundana companhia
elenco_Aury Porto, Érika Puga, Silvero Pereira e Zahy Guajajara
participações de Anderson Kary Báya, Gui Calzavara, Igor Pedroso, Lian Gaia, Mariana Ximenes e Raquel Kubeo
cenografia_Rogério Pinto
iluminação_Wagner Antonio
direção musical_Gui Calzavara
figurino_Joana Porto e Rogério Pinto
direção vocal e interpretativa_Lúcia Gayotto
direção de movimento_Christian Duarte
colaboração conceitual_Renato Sztutman e Stelio Marras
operação de som e cortes_ Ivan Garro
assistência e operação de luz_Dimi Luppi direção de palco_Arthur Costa
câmera, captação e edição de imagens e sistema de transmissões_
Bruna Lessa - Bruta Flor Filmes
assessoria de imprensa_Adriana Monteiro
fotos_Renato Mangolin
produção executiva _Bia Fonseca
produção_Aury Porto e Marlene Salgado
mundana companhia
Desde o ano 2000, inspirados pela militância política dos artistas de teatro da cidade de São Paulo junto ao movimento “Arte contra a Barbárie”, Aury Porto e Luah Guimarãez desejavam criar um núcleo artístico formado essencialmente por atores-produtores. Almejavam formar uma companhia teatral na qual, a cada projeto, idealizado e produzido necessariamente por um ou mais atores, um diretor, com afinidades afetivas e estéticas com os membros da companhia, seria convidado a integrar-se a esta. O mesmo ocorreria com os profissionais das outras áreas, como cenografia, figurino, música, luz, e até mesmo com outros atores. A cada projeto, a companhia teria um novo corpo forjado na ideia de continuidade na transitoriedade. Com esse pensamento é que foi gestada a mundana companhia. Essa companhia de encontros conscientemente transitórios recebe o adjetivo antes do substantivo e tem seu nome integralmente grafado com letras minúsculas. Esboçou-se assim um projeto de frátria em dissonância com a supremacia do ideário de pátria tão caro à maioria das sociedades do século XX. Essas mudanças nas relações internas deverão necessariamente refletir-se nas relações com os espectadores e, obviamente, nos temas a serem investigados a cada novo projeto. Apesar de elaborado desde a virada do século, o primeiro trabalho deste núcleo artístico só veio a realizar-se muitos anos depois.
Criações: Medeamaterial, Máquinas do Mundo, Necropolítica, Dostoiévski-Trip, Na Selva das Cidades_em obras, O Duelo, Pais e Filhos, O Idiota_uma novela teatral, Tchekhov4_uma experiência cênica, A Queda, Das Cinzas.
SERVIÇO
GUERRA EM IPEROIG - uma criação da mundana companhia
Temporada ao vivo: 14 a 17 de dezembro 16 de dezembro - apresentação com tradução em libras
Acesso gratuito: Youtube do Oi Futuro, às 20h
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
A apresentação do dia 16 de dezembro (quarta-feira) contará com tradução em libras.